sábado, outubro 22, 2005

“Paris, a cidade das casas rosadas com telhados escuros. Uma única, contínua multidão nela passa, em silêncio e invariavelmente depressa, ao encontro de nada, de ninguém. Não sei bem por que vim, nem por quanto tempo. Mas é como se estivesse de volta à minha vida, em trânsito para uma reconciliação final comigo. E de regresso a casa.”

É tão bom perdermo-nos no meio desta multidão apressada, “ao encontro de nada”. Só pelo simples prazer de fazer parte de alguma coisa, de não estar sozinhos no nosso propósito, de podermos dizer “Eu estou com eles!”. De parecer que sabemos para onde vamos, talvez assim nos convençamos disto mesmo.
Parar é morrer.
Respeitar horários, seguir os outros, tudo isto faz sentido (não faz?). Talvez nos consigamos enganar a nós próprios, e perdermo-nos na nossa mentira.

sábado, outubro 15, 2005

um começo


Manhã cinzenta.
Frio intenso.
Cá fora, o dia acontece....
Ao mesmo tempo que o mundo começa a acordar,
lava a cara com água gelada
e o seu olhar encontra o seu reflexo.
Estranha "a outra pessoa".
A cara sulcada pelas agruras da vida,
o olhar negro perdeu a intensidade de outrora
a boca caida, a pele de mármore,
sem pingo de vida.
O que resta sao as cicatrizes de uma vida passante.
Já não faz planos.
Mas hoje vai partir.
Já com a mochila verde-ocre ao ombro, transpõe o umbral da porta.
Fecha a porta, suavemente, atrás de si.
Em cima da mesa, um bilhete para pessoa nenhuma.
foto:www.olhares.com

mais um dia..


Se...

se eu pudesse só respirar

e assim sentir a essência da vida

a liberdade e a paz

e nesse respirar, bem fundo na minha alma

........ eu estaria feliz