O despertador à cabeceira da cama, todas as manhãs o acordava às nove horas, debaixo de uma tempestade sonora.
Sentia-se fatigado e melancólico daquela sensação de tempo perdido que lhe davam as aulas. Considerava-as mais do que inúteis, prejudiciais. Os professores repetiam de uns anos para outros o que vinha já nas sebentas. Em verdade os alunos iam lá só porque eram obrigados, mas não os ouviam e nem mesmo os ursos iam com o interesse de quem vai aprender alguma coisa.
Fingiam, sentados nas carteiras, habituando-se a usar uma máscara de conveniência.
Talvez fosse essa a utilidade que dali traziam para a vida: aprender a afivelar a máscara.
Conversavam uns com os outros o mais discretamente que podiam ou olhavam a cara do professor, abstractos, a pensar noutra coisa, ouvindo confusamente umas palavras mortas e vazias, como uma espécie de penalidade a cumprir. A saída era a libertação dos presos da cadeia."
Porta de Minerva, Branquinho da Fonseca
Ano de edição: 1978
1 comentário:
Somos os mesmos, mas com nomes diferentes! ;)
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