Todos nós somos possíveis cuidadores.
Todos nós conhecemos cuidadores.
Alguém que assumiu permanentemente a responsabilidade por outra vida adulta,
que deixou de ser capaz de cuidar de si por uma qualquer doença ou forma de invalidez.
E é difícil cuidar.
O cuidador não sai de casa sem se sentir culpado por viver a sua vida.
O cuidador tem o seu horário regulado pelas necessidades do outro.
O cuidador não impõe, pois o outro é um adulto com vontade própria.
O cuidador não dorme para proteger o sono do outro.
O cuidador revolta-se contra si e contra a inaptidão do outro, e com isso vem a culpa de não ser tão paciente quanto devia.
O cuidador é um trabalho solitário e pesado, com falta de apoio social,
discriminado pela sociedade,
que se diz solidária e vira as costas, apressada.
Um cuidador sem apoios é uma patologia social e económica.
Daí o crescente número de idosos abandonados em hospitais, lares, sítios onde se "envelhece melhor". Muitas vezes é a única solução, pois ninguém quer assumir sozinho a responsabilidade pela população idosa.
Numa sociedade exponencialmente envelhecida, não devíamos ter já encontrado maneira de resolver esta situação, em vez de continuar a "varrer para debaixo do tapete"?
1 comentário:
É tudo muito verdade. E é tudo muito triste.
A sensação é que estamos a regredir nesse aspecto e não nos importamos com os finais de vida dessas pessoas que ainda podem ser anos e anos. Pessoas que cuidaram de nós quando éramos pequenos, portanto devemos-lhes apenas isso, cuidar delas como elas cuidaram de nós. Mas levamos sempre isso como um "fardo pesado" e somos egoístas. Porque como dizes e bem o trabalho de um curador não é nada fácil. Mas eu pelo menos não consigo deixar de pensar que algum dia vou ser eu a precisar de cuidados, e gostava que alguém estivesse lá para mim. **
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