Parte do respeito aos doentes é também respeitar as decisões (mais ou menos adequadas) deles.
Há uns tempos, numa enfermaria, vi um paciente que se recusava a que lhe avaliassem a tensão arterial, barafustava com tudo o que mexia, porque estava farto de ali estar, e queria ir embora, e estava farto de toda a gente. A aluna responsável por ele bem tentava convencê-lo, não dói nada, é um instante, etc.
Entretanto lá veio uma das médicas do serviço, que lhe tentou explicar que se fosse embora ia ter de voltar novamente ao hospital porque ia ter uma recaída, que precisava de ficar em observação blá blá, enquanto o homem fazia ouvidos moucos, não quero, não quero, não ouço, lalalala (como se sabe a velhice é uma segunda infância).
A médica acabou por desistir, e lá o deixou ir embora, avisando-o que teria de preencher uma declaração em que recusava o tratamento contra a opinião médica e que se responsabilizava pelas consequências deste seu acto.
Não estou a tomar partidos, se fez bem, se fez mal, penso que se fez o que se tinha a fazer; mas lá que deve ser frustrante...
1 comentário:
A liberdade também traz dessas coisas, não poder tratar quem deve ser tratado, porque este se recusa.
Ah, humm, "paciência" (?) parece-me ser o termo quase perfeito, acompanhado de um encolher de ombros e de um "pronto, passamos ao próximo". *
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