Foram-nos ensinando, durante toda a nossa vida, que quando chegássemos a adultos íamos saber.
Como se os 1,80m nos dessem uma espécie de conhecimento sobrenatural, uma transcendência qualquer.
Mas à medida que crescemos vamos entendendo que não é bem assim, quanto mais crescemos em altura mais parece que o chão nos foge, deixamos de ter certezas, vamos perdendo as nossas seguranças (quer sejam em forma de pessoas, coisas, conhecimento, o que seja). E aprendemos a viver assim.
E, de vez em quando, há aqueles baques.
Como o miúdo, com cerca de 3 anos, que, no avião de regresso de Paris, e ao lado da mãe, chorava desalmadamente pedindo o pai. Troquei de lugar com ele, para o deixar ficar ao lado da mãe, pensando que o pai não teria conseguido lugar junto deles e estaria algures perdido entre as filas dianteiras ou traseiras do avião. Até que percebi que não. O pai não estava com eles. Tinha ficado no outro país, e não regressaria com eles. E aí fiquei sem saber o que lhe dizer.
Ele continuava a chorar, a algumas cadeiras de mim, não percebendo porque não podia ficar com o pai, porque o separavam dele, pedindo-o encarecidamente, humildemente. Não percebendo porque este avião o tinha separado do seu pai. Sem que ninguém o pudesse devolver.
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