Todos nós temos estes momentos.
Aquelas alturas da nossa vida em que tudo muda, ficamos expostos a um novo ambiente, uma nova casa, novos problemas, novo trabalho, novos caminhos, novas rotinas.
Nestas alturas é fácil desequilibrar.
Principalmente se estamos sozinhos, sem familia, namorado ou amigos por perto.
É fácil partir.
Tudo é infinitamente mais complicado, e cada problema leva duas vezes mais tempo a resolver.
E neste limbo de sentimentos, enquanto ensaiamos adaptar o nosso epicentro ao novo eixo do nosso mundo, cada aragem é trovoada, cada ruído é furacão.
O ar fica rarefeito e já não chega para encher o peito.
E eu não sei o que determina se chegamos vivos ao final do dia ou não.
Não sei se é sorte, se é força, se teimosia ou ignorância.
Não sei se é o acaso, a olhar de soslaio e a rir com desdém.
Ou uma das Moiras, a dobar e testar a resistência do nosso Fio.
Pouso a alma no chão, cubro-a com o manto branco do esquecimento.
Hoje adormeço sem alma.
Preciso de ficar leve.
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