“Paris, a cidade das casas rosadas com telhados escuros. Uma única, contínua multidão nela passa, em silêncio e invariavelmente depressa, ao encontro de nada, de ninguém. Não sei bem por que vim, nem por quanto tempo. Mas é como se estivesse de volta à minha vida, em trânsito para uma reconciliação final comigo. E de regresso a casa.”
É tão bom perdermo-nos no meio desta multidão apressada, “ao encontro de nada”. Só pelo simples prazer de fazer parte de alguma coisa, de não estar sozinhos no nosso propósito, de podermos dizer “Eu estou com eles!”. De parecer que sabemos para onde vamos, talvez assim nos convençamos disto mesmo.
Parar é morrer.
Respeitar horários, seguir os outros, tudo isto faz sentido (não faz?). Talvez nos consigamos enganar a nós próprios, e perdermo-nos na nossa mentira.