terça-feira, novembro 22, 2005




é como andar no deserto
sempre tao longe e tao perto

olho à minha volta, o mundo é tão incerto

Chuva
, Lucia Moniz

quinta-feira, novembro 03, 2005


Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade
Luís estava disposto a descobrir qual o valor da vida
Sempre lhe tinham dito que só percebemos o
verdadeiro valor das coisas quando as perdemos...

Queria sentir a dor.
Por uma vez sentir verdadeiramente
o sabor do sangue,
o sabor da carne
sentir o ser,
despedaçando-se ,
libertando-se ,
despedindo-se de si.

quarta-feira, novembro 02, 2005


"O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra,
Porque o único sentido oculto das coisas,
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.



Sim, eis que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas."

Alberto Caeiro

foto:www.olhares.com