sábado, dezembro 30, 2006


Acorda. Aspira o ar gélido da manhã.
Abre os olhos para encontrar uma névoa azulada que lhe preenche os sentidos.
Que horas são? É cedo. De que interessa saber as horas quando a esperança se esvai a cada segundo que passa? Apenas têm interesse para aqueles que têm compromissos, que fazem parte da sociedade activa. Quem vive À margem passa bem sem elas.
O banco negro de jardim onde adormecera na noite anterior parece também ele repeli-lo dali.
É tempo de partir (sem pressas, a via flui indiferente aos nossos estados de espírito).
Somos apenas uma luz fugaz numa imensidão temporal. E quanto mais agitada a nossa existência maior a perda, maior a dor, maior a queda.
(Lembra-se do que descobriu sobre as abelhas, no dia anterior, na biblioteca pública da cidade, ao folhear uma gigante enciclopédia ilustrada: quando uma destas se sente em perigo, espeta o ferrão no animal mais próximo. Depois tenta fugir, mas por causa das pequenas farpas que o ferrão possui, a parte posterior do abdómen, onde este se localiza, fica presa na pele do animal e a abelha perde uma parte do intestino, morrendo logo em seguida) Espantosas as lições da mãe Natureza.

Arrefeceu. Repara que permanece imóvel, de pé em frente ao banco negro.
É tempo de partir, já foi dito.
Aconchega o casacão cinzento contra si, e segue para o rio.
Foge de si?

quinta-feira, dezembro 14, 2006



"dá-se tudo e nada fica."

(porque hoje descobri que nem sempre as pessoas em quem mais confiamos
confiam em nós)

domingo, novembro 19, 2006



"If I had the chance
I'd ask the world to dance
And I'll be dancing with myself"

=) Bom dia para todos!

sábado, novembro 11, 2006


"Assomados com o andar tibuteante das vitimas da realidade absoluta desfalecemos em convulsões de electrochoque no turbilhão da engrenagem estonteante que nos trasnporta em sucessivas oscilaçoes sismicas para o apaziguamento da indiferença e o amargo isolamento da solidão
N
ada é o que era
, nada foi o que sonhamos, apenas visões esfumadas ao contacto da memória, apenas imprecisas impressões de um tempo gasto pela usura
Tivemos o Mundo. Fomos o Mundo.
Salvé cadáveres brancos da inocência; salvé corpos belos do amor ; salvé feiticeiros da embriaguez permanente; salvé magos da existência não fragmentária; salvé padrastas do desejo, "junkies" do caos, prisioneiros da liberdade; salvé irreprimível lúdico; salvé criadores de vida amantes da infância viciados do presente; salvé orfãos perdidos; salvé; salvé; salvé"

Ou no dizer de Fernando Pessoa:
"Nasce um deus. Outros morrem. A verdade nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra eternidade, e era sempre melhor o que passou"

(letra anterior dos Mão Morta)

Dedicado à Susana que me passou a música :)

terça-feira, novembro 07, 2006


Os teus olhos cantam pra mim
Naquela manhã violeta
O ar é doce, de amora ( o amor que demora).
Estou limpa essa manhã.

Comigo
contigo
em nós
(corda fia, fina, seca, dura e dói)

As mãos no chão. Inspiro.

Que sentir é hoje?

Foto retirada de http://www.photoblog.be/photoblog.php?nickname=Jiglypuffa&action=view&id=1844129
Não me lembro o que disseste
O som das palavras já não dói
Esqueci o seu sabor,
de chofre na minha cara.
Lembro o céu, azul, cinzento, as nuvens escuras

o éter contigo e tu com o éter

... E eu a amar-te.

quarta-feira, novembro 01, 2006




















PORTUGAL


Somos um povo triste. E cansado.

Alegres na miséria e míseros na alegria.
Invejosos. Azedos. Cinzentos.
Desesperadamente católicos.
Endurecidos pela fúria do mar.
Alucinados. Pobres. E sós.


Foto: www.olhares.com

terça-feira, outubro 31, 2006



So I looked for those flowers you gave me.

Those flowers, well they're dead.. in my hands



(Nothing is no longer in its place)

domingo, outubro 01, 2006

Depois de conhecido o resultado dos exames, e ainda abalada pelo mesmo, saiu do consultório. Não conseguia pensar em nada, e ao mesmo tempo pensava em tudo. Tudo lhe parecia vazio, as ruas apinhadas, em plena hora de ponta, pareciam-lhe subitamente desertas (talvez reflectissem o deserto de si). Deambulando pela cidade, deu por si num banco de jardim, molhada até aos ossos, dobrada sobre si mesma. Já nem sentia as lágrimas, já nem sentia frio, nem medo, não se sentia. Ficou por horas na mesma posição, inexpressiva, fitando as pedras da calçada.
Demorou um tempo até conseguir distinguir o som do telemóvel, que a chamava de volta ao mundo real. Era ele. Alguma vez teria de o confrontar com a verdade. Pois bem, seria agora. Limpando as lágrimas à camisola azul-escura, atendeu.

Andaram em silêncio muito tempo, abraçados. Em silêncio, como se uma simples palavra pudesse quebrar aquele momento, aquele laço invisível que os unia. Ele ficara estarrecido com a notícia. Afinal, ela sempre tão cheia de vida, tão jovem, tão...viva! Como se poderia estar possivelmente preparado para ser confrontado com o facto de que não são só as pessoas mais velhas que ficam doentes? E uma doença terminal?
Com espanto, reparou que o rosto dela se abria, num sorriso triste.
- Porque sorris?
- É mais fácil... E custa-me menos..por ti
Perante a expressão de espanto dele, dos seus grandes olhos negros que a inquiriam,
parou. Tocou-lhe no rosto como se cega fosse, e quisesse levar consigo, para sempre recordar, todos os traços da sua cara.
- É-me mais fácil poupar-te da minha dor; magoa-me menos sofrer a minha própria dor sozinha, do que forçar-te a participar nela. Se te embrenhares em mim, custar-te-á mais quando eu já não estiver cá... E não te quero usar como refúgio de mim...
Chorar em público é um acto tão simples, tão supostamente natural,
e no entanto, parece que incomoda, que assusta até.
Implica, é verdade, um destruir todas as barreiras que construimos para nos isolar,
darmo-nos e mostrarmo-nos como somos, sem jogos, despindo todas as máscaras.
Um abandonar a cara vazia que nos habituamos a mostrar em sociedade, assumirmo-ns como somos..o que custa e requer coragem (tb requer coragem sujeitarmo-nos a tanta exposição!)

Lembro-me de, quando estava no Porto, ter passado um mau bocado porque tinha um olho inflamado, que não parava de chorar, que ardia..enfim, uma maravilha!..
Ora andava eu então nas minhas andanças diárias a bordo do andante, e claro k tinha de passar algum tempo (1 hora que demorava a viagem,se nao me engano), a chorar sem parar em frente de alguém. A maioria olhava noutra direcção (que incómodo, tinha eu de estar a chorar ali à frente deles, a estragar-.lhes a vidinha toda), o que se tornava difícil, porque ou se esticavam todos para olhar por cima de mim(não, tb não sou assim tão alta), ou então tentavam olhar para o infinito, bastante mais interessante e divertido.
Apenas uma senhora, aí dos seus 40, olhou para mim (após um longo período a fingir que eu não estava lá), e sorriu.
Não percebi a reacção dela, mas sorri-lhe de volta.
E senti-me melhor.

sábado, setembro 30, 2006

quais os limites da hipocrisia?

Ao sermos politicamente correctos, damo-nos com toda a gente, apesar de gostarmos ou não delas.
Isso torna-nos, de certa forma, hipócritas.
Ao sermos hipócritas somos, afinal,politicamente incorrectos.

Conclusão:
Ao sermos politicamente correctos, somos politicamente incorrectos.

(in a bad mood)

sexta-feira, setembro 01, 2006

lol há com cada um...

You Are Absinthe

You are a sloppy drunk, purposely so
If drinking doesn't make you feel crazy, it's not any fun
Truth be told, you tend to prefer drugs to drinking
But you'd never pass up any absinthe that came your way!

domingo, agosto 27, 2006

o tempo vai




Porque adorei a ideia da foto e a mensagem.

O que está escrito na parede é o seguinte:

"Nada de nosso temos senão o tempo, de que gozam justamente aqueles que não têm paradeiro"

cegueira total


E neste mundo cinzento, as pessoas não têm direcção, as pessoas correm, as pessoas não se tocam, as pessoas fogem dos outros, as pessoas fogem de si, as pessoas têm medo: medo dos outros, medo de si, medo de parar, medo de estar consigo, medo de estar só. Vivem nas suas conchas, repetindo a mesma rotina todos os dias, fechando toda a casa e janelas à noite, protegendo-se diariamente e incessantemente na sua bola de sabão, para que ninguém as magoe, ninguém as toque sequer, ninguém lhes tire o pouco que é seu, ninguém lhes altere a vida e o seu ritmo.
As pessoas estão sós, desesperadamente sós. Protegendo-se do mundo exterior (aquele mundo feio com cujas imagens são bombardeadas onde quer que estejam), e do seu próprio mundo, do seu próprio ser, através do trabalho e da rotina, acabam cada vez mais sós, mais afastadas do mundo. Dos outros.
De noite, há os que procuram exorcizar os seus medos através da bebida, de relações fugazes, da droga, de tudo o que os faça esquecer de si. Porque no fim o que nos governa é (quase) sempre o medo. É por um medo excessivo que nos levamos ao limite, é por medo que nos tentamos agarrar aos nossos amigos, por medo de estar sós, de estar vulneráveis, de falhar a vida, de não sermos melhores, de não agradar aos outros, de não sermos suficientes. Somos permanentemente vigiados. Sentimo-nos constantemente vigiados (e por isso só de noite a ausência de luz nos dá a ilusão de estarmos minimamente livres). Temos de viver por nós, e pelos outros; respeitar as nossas vontades e a dos outros. Acima de tudo, temos medo de nos verem falhar, de desiludir, de não seguir o padrão normal. Que nos vejam cair.
De abrir os olhos. E ver.



(Não estou a julgar ninguém. These are simple thoughts. Que no fim de contas não devem ser tomados demasiado a sério.)


foto- www.olhares.com, autor: vaZectomia

quinta-feira, junho 29, 2006

am I that strange?

Só porque não preciso de me mostrar em fotos, porque a minha felicidade
não depende do número de comentários que são feitos às fotos que ponho n hi5,
porque não faço aquelas caras que é suposto fazer, e os óculos á moda que é suposto mostrar,
e o biquini ás bolinhas e o lacinho as bolinhas e a carteira ás bolinhas que são superfashion e mega phophos, porque não gosto dakeles grupos da moda, porque não conheço akelas pessoas e não kero saber disso, porque não tenho um fotolog com fundo rosa forte e letra rosa claro (o que aliás torna impossível ler alguma coisa- mas essa tb não é a ideia, de qq maneira), com montes de comentários cheios de exclamações!!!!!!!, xeiox de xix, e phophices e amores e adowuvux (e erros ortográficos à mistura), só porque não dependo totalmente da opinião dos outros e consigo pensar por mim, serei assim tão estranha?será que o meu comportamento não é socialmente aceitável?e até quando conseguirei manter-me afastada desta nova corrente?

(Após um dia a viajar no hi5...)

segunda-feira, maio 01, 2006

.rest.





...lost in cheap delirium,
searching the neon lights
I move carefully...

too carefully, perhaps..


(a nossa cama está carregada de simbolismos)

terça-feira, fevereiro 14, 2006




L'aube se lève
Et le vie ce cortège défile
Tombe la neige
La danseuse se réveille, s'étire



Camille

(bela maneira de n dizer nada..:)

quinta-feira, janeiro 19, 2006

A colourful day



hoje o céu tá azul

=D

hoje eu acordei feliz...