terça-feira, novembro 27, 2018



Fazer um doce de abóbora a dois. A casa toda com o cheiro quente da abóbora e nozes.
Cozinhar de mãos dadas. O sorriso bom depois de um dia de trabalho, a apreciar um chá bem quente.

Eu sei que estamos a chegar ao Natal, mas cá por casa ainda andamos a celebrar o Outono. :)

terça-feira, novembro 20, 2018

Agonia-me

Estar numa reunião em que as pessoas optam espontaneamente por utilizar uma linguagem mista de língua portuguesa com remendos de inglês.
Porquê - agradecemos muito por ter recebido um "refreshing" acerca desta matéria por quem tem um grande "know-how" em como fazer "watchful waiting" destes doentes. Obrigada por este "briefing"

E não
- agradecemos muito por ter recebido uma revisão desta matéria por quem tem um grande conhecimento de causa sobre como fazer vigilância clínica destes doentes. Obrigada por este resumo  ?

A lingua portuguesa é muito dinâmica, mutável e moldável, mas por favor não a ponham a fazer cambalhotas ou triplos mortais...




terça-feira, outubro 09, 2018

Propormo-nos a fazer um trabalho que sabemos que vai ser um grande empreendimento sozinhos já é duro, mas sabemos (ou esperamos) que valha a pena.

Mas fazer esse mesmo trabalho, ao mesmo tempo que toda a gente à nossa volta nos tenta fazer desistir e deitar abaixo... é obra!
Se alguma vez me perguntarem se eu sou uma mulher de fé, já posso dizer que sim. De rastos, mas com fé.



segunda-feira, outubro 01, 2018

Isto é Portugal

Senti falta de muitas coisas portuguesas quando estava em Inglaterra, mas há outras coisas tipicamente portuguesas que me fazem muita impressão...

Como apanhar um autocarro expresso que está anunciado para partir às 6h45 e chegar ao destino às 9h15, e à entrada no expresso o motorista me dizer com a maior das naturalidades:
"Sabe que este expresso vai chegar atrasado. Pode chegar às 9h30, 9h45, ou mesmo 10 h..."

Ah, 'tá.

domingo, setembro 02, 2018

C'os diabos


Hoje estive a trabalhar em casa e fartei-me de suar. 
Imagino se tivesse saído à rua. Já chega, senhores, arranjem aí o termóstato.

quarta-feira, agosto 15, 2018

Semibreve

Para mim, o "trabalho de detetive" é das melhores e das piores coisas que temos de fazer como médicos.
Passo a explicar.

Se pode ser muito recompensador o trabalho de andar atrás de processos no arquivo, a decifrar gatafunhos escritos à mão antes de haver computadores (ninguém disse que a letra de médico era bonita..), até perceber qual foi a causa do medicamento A ou B que o doente está a tomar agora, ou a cirurgia que fez em 1985 e que explica o processo que lhe está a acontecer agora, e é a chave para resolver o caso atual, outras vezes descobrimos o que não queremos...

Era uma senhora de 50 anos. Nova, portanto. De um dia para o outro foi-se, como um fósforo. Quando foi internada pela primeira vez, a maleita já estava disseminada por todo o corpo. Tinha-se espalhado. Como um fósforo. Sem possibilidade de reação, quanto mais de ação externa.
Fomos investigar a família. Fazer contactos, informá-los de que deveriam vir o mais rápido possível falar connosco. "Sim, amanhã de tarde vou aí", diz o irmão. "Amanhã já é tarde... pode vir antes hoje?"
Então os corpos e os números começam a ganhar nomes e sentimentos e cores. E família.
Nunca casou. Nunca teve filhos. Viveu para o trabalho e para a comunidade, para as inúmeras causas de voluntariado e os grupos sociais em que se envolveu.
Foi-se.
Como um fósforo.
E nós, que para aqui ficamos, encolhidos sob a pequenez do que fizemos. A desviar a cara do destino que não queremos ver. A (quase) viver a nossa vida (semi) breve.


segunda-feira, agosto 13, 2018

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Não sei se as empresas que produzem os champôs e amaciadores atualmente têm algum acordo com empresas de água e gás,
mas se eu demorasse o tempo todo que eles sugerem no banho (champô 3 min, amaciador 10 min, mascara 5 min e sei eu la mais o quê), um só salário não chegava para as contas.
5 minutos é o tempo total que eu demoro no duche normalmente!

Eta, gente doida!


domingo, julho 08, 2018

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Todos nós temos estes momentos.
Aquelas alturas da nossa vida em que tudo muda, ficamos expostos a um novo ambiente, uma nova casa, novos problemas, novo trabalho, novos caminhos, novas rotinas.
Nestas alturas é fácil desequilibrar.
Principalmente se estamos sozinhos, sem familia, namorado ou amigos por perto.
É fácil partir.
Tudo é infinitamente mais complicado, e cada problema leva duas vezes mais tempo a resolver.
E neste limbo de sentimentos, enquanto ensaiamos adaptar o nosso epicentro ao novo eixo do nosso mundo, cada aragem é trovoada, cada ruído é furacão.
O ar fica rarefeito e já não chega para encher o peito.

E eu não sei o que determina se chegamos vivos ao final do dia ou não.
Não sei se é sorte, se é força, se teimosia ou ignorância.
Não sei se é o acaso, a olhar de soslaio e a rir com desdém.
Ou uma das Moiras, a dobar e testar a resistência do nosso Fio.

Pouso a alma no chão, cubro-a com o manto branco do esquecimento.
Hoje adormeço sem alma.
Preciso de ficar leve.

quarta-feira, junho 27, 2018

60 anos. Mulher dona de casa, de avental posto, cabelo em desalinho. Nunca casou. Vive sozinha.
Ao entrar nos cuidados intensivos esbracejava e dizia que não queria ser intubada. Deixem-me estar, nao quero que me ajudem, eu é que sei. Uma embolia pulmonar de todo o tamanho.
A senhora nao sabe o que diz, pumba - tubo na goela.
Agora foi extubada e está afónica. Provável lesão do nervo laringeo durante a intubação.
Recusa ser avaliada e tratada da sua afonia.
 ...
E o burro sou eu?

segunda-feira, junho 18, 2018

Morar em Londres há uns meses


É entrar no café italiano de que gosto, ao pé de casa, 
e a empregada, que já me conhece, perguntar-me logo 
se vou querer um espresso simples ou duplo.

segunda-feira, maio 28, 2018

Há dois tipos de pessoa ao fim-de-semana:
os que gostam de tomar o pequeno almoço fora de casa, numa pastelaria ou café, com direito a todas as mordomias (croissant, café, bolo)
e os preguiçosos, que acham que tirar o pijama de manhã e tomar banho só para sair de casa ao fim-de-semana é como se lhes estivessem a arrancar a alma

Eu pertenço ao segundo grupo. Não há prazer melhor do que ficar em casa até mais tarde, e sentar-me na mesa com tempo a ler as notícias ou ver TV de pijama vestido e cabelo desgrenhado.
O meu namorado é do primeiro grupo. Mas a gente cá se arranja :)





Hoje foi bank holiday aqui, e sabe bem fazer um pequeno-almoço especial nestes dias. Este tem sido o meu. Porque aqui em Londres anda tudo doido com o Brunch, e brunch que é brunch nesta cidade tem tostas de abacate e ovos (benedict, fritos, cozidos, seja o que for).


foto retirada de : http://paracozinhar.blogspot.co.uk/2018/05/tostas-de-pao-de-centeio-com-pasta-de.html

sábado, maio 26, 2018

Maio maduro maio

Estamos a chegar ao final de Maio, os dias ainda trazem muita chuva por Londres, o tempo anda meio instável embora eles por cá se queixem de calor (pois, estão acima de 20 graus...).
E hoje ao entrar no Waitrose vi logo duas coisas que me alegraram a sexta feira, ao final do dia:
uma garrafa de um bom vinho verde e as primeiras cerejas do ano!

Escusado dizer que as cerejas desapareceram mesmo antes de chegar a casa, na caminhada que me separa do centro da cidade :P


domingo, abril 29, 2018

Uma das coisas que me chateiam ao viver em Londres


Ter de pagar 3 € por um café decente.
Mas é uma coisa sem a qual consigo viver, parece que vou desfalecer se não tomo um ao fim-de-semana depois de almoço...

(foto: http://sangrialover.tumblr.com/)

sábado, abril 21, 2018

O elogio do "contactless" ou o 2º acto do Brexit

Contactless payment.
Contactless people.
Contactless children. Contactless generation.

Não seria tão maravilhoso viver numa sociedade em que NUNCA sentíamos o contacto humano?
Numa época em que a comunicação é (supostamente) tão fácil estamos a ficar cada vez mais afastados... Sem entender que isso nos torna notoriamente mais vulneráveis.


'No Man is an Island'

No man is an island entire of itself; every man 
is a piece of the continent, a part of the main; 
if a clod be washed away by the sea, Europe 
is the less, as well as if a promontory were, as 
well as any manner of thy friends or of thine 
own were; any man's death diminishes me, 
because I am involved in mankind. 
And therefore never send to know for whom 
the bell tolls; it tolls for thee. 


MEDITATION XVII, Devotions upon Emergent Occasions
John Dome


domingo, abril 08, 2018

sexta-feira, abril 06, 2018

 "I am not your negro" (2016)


Daqueles filmes de que resulta um baque, um nó no estômago
Um terror de estar connosco mesmos
Porque nos revemos no bom e no mau
Porque nós somos a parte criminosa e somos também a vítima

E isso dói tanto...

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Ansiosa pelo fim-de-semana.
Livre para namorar e comemorar as coisas boas da vida!

** : ) **



terça-feira, fevereiro 13, 2018

No outro dia descobri que uma das minhas professoras do ginásio nasceu em 1996.

......
1996!!
Nem sabia que tal era possível.

terça-feira, janeiro 23, 2018

A minha vida/trabalho (acabam por ser sinónimos...) tem andado de tal forma que hoje,
ter conseguido vir a casa pôr uma máquina de roupa a lavar
foi uma vitória - e fiquei mesmo contente por sentir que tinha vida própria

Pequenas coisas boas :)

domingo, janeiro 07, 2018

LEMA



"Mas eu não quebro não
porque sou macio...
viu? "

(independentemente das nódoas negras que isso me possa causar)