(... may(be) not..) "Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?" Álvaro de Campos
domingo, janeiro 21, 2007
sexta-feira, janeiro 05, 2007
Hoje vim para casa depois da explicação de Química, da qual gosto muito porque não fazemos mais que dois exercícios e conversar sobre a vidinha,
mas quando aprendemos é para aprender, embora eu hoje estivesse um bocado desligada daquilo na primeira parte,quando o
professor estava a explicar qualquer coisa como calcular o pH das misturas de ácidos e bases ou ácidos e ácidos e bases e bases
qualquer coisa por aí, seja o que for a realidade não diferirá muito destas hipóteses
já que pelo menos se sabe que estão dentro dos temas "mistura" e "ácido" e "base" e "pH", e tendo em conta que estes já são quatro
conceitos que eu ligo àquele discurso, já está suficientemente especificado o tema na minha perspectiva.
O mal é que eu estou ao lado do professor, e embora me seja fácil dizer que sim e fingir que percebo quando ele olha para mim, já é mais
difícil responder acertadamente ao que ele me pergunta, assim como perceber o timing das perguntas. Por vezes, fico a olhar para ele (melhor, eu olho para
ALÉM dele, olho para dentro, como se costuma dizer, expressão que eu acho por sinal muito engraçada, "ver para dentro", parece-me coisa impossível, tanta
filosofia dentro de uma expressão popular) sem saber que tenho de responder a algo. Apercebo-me milésimos de segundos depois (o tempo de reacção nunca é
muito, depende um bocado do estado de divagação, e de que a quantos km estou daquele lugar, ou por outras palavras da profundidade a que vejo para dentro,
mas nunca excede umas poucas de segundos)
Como eu dizia, vim da explicação, seria por volta das 17.45, e cheguei à paragem da Sra-A-Branca às 18.01 (gosto muito de preciosismos quando tenho tempo
para pensar neles).Verifiquei o horário do autocarro, às 18.08, muito bem, afinal nem cheguei demasiado cedo nem em cima da hora, diria mesmo que neste caso
o timing foi perfeito,ao contrário daquele que me permite adivinhar quando vou ter de responder a algo, esse deve ter a pilha gasta, pergunto-me onde se irão
arranjar estes timings que permitem adivinhar quando vou ter de responder a algo). Despedi-me de quem comigo seguia, não tinha mencionado esta presença, mas
foi propositado, não pense o leitor que a minha memória vai assim tão mal, vou a caminho acelerado da maioridade, mas parece-me que ainda não atingi a
senilidade, que é a fase seguinte). Ora muito bem me enganou o senhor doutor autocarro, esse malandro pôs-me à espera de sua senhoria durante uma boa meia
horinha (quanto a este espaço de tempo não há preciosismos, não olho para o relógio quando sei que se o fizer só vou prolongar a espera, é a minha maneira
de me defender do passar do tempo, até agora tem resultado, mas aceito mais sugestões, nunca se deve fiar só numa hipótese, vejamos o caso do timing que me
permite adivinhar quando vou ter de responder a algo. Nunca fiando, nunca fiando...) Ora lá estive eu, rapariga de muitos e variados afazeres, obrigada a
permanecer num mesmo lugar durante este exagero de tempo, durante o qual me ia perguntando "E se eu ligasse para os TUB para dar conta deste atraso?"Já
imagino a conversa:
- Olhe, desculpe (porque é que pedimos desculpa de qualquer maneira?), estou á espera do autocarro para sítio Y, na paragem X, está agendada a sua chegada
para as 18.08 e no entanto são 18.20 e estou eu aqui a contar as luzinhas dos carros que passam, uma rapariga de muitos e variados afazeres!
- Oh minha amiga (que confiança esta, só porque lhe liguei e pedi estupidamente desculpa), nós não temos culpa, os autocarros andam no meio do trânsito como
todos os carros que não são auto, estando por isso sujeitos aos mesmos atrasos que estes, ainda por cima é hora de ponta.
- Pois mas com isso eu também não tenho nada a ver, se os autocarros têm horários certamente que é para os cumprir, é um compromisso a que se sujeitam, ou
estes horários são uma aproximação, assim só para as pessoas se orientarem mais ou menos (ai o nosso país do mais ou menos), se ali diz 18horas então volto
daqui a hora e meia, vou lanchar e tal, ainda passo pelo minimercado e vejo como vai a senhora Marcelina, coitada, com aquela idade e aquela constipação,
certamente esta soma não dá resultado positivo)?Eu não posso andar assim, tenho coisas inadiáveis marcadas sempre para tarde, e tenho neste momento de estar
em casa daqui a dez minutos.
- Olhe lá, se está com tanta pressa não se arme em estúpida e apanhe mas é um táxi!
Conversa interessante esta, mais interessante o desfecho, bonita a conclusão da funcionária da Câmara, de que os autocarros são só para aqueles que têm
tempo para gastar, resumindo idosos e vagabundos, ou qualquer coisa do género.
Aqui ficava bem era estar a gravar a conversa, e posteriormente enviá-la para canais sensacionalistas, entre os quais a nossa querida TVI, o Robin dos
Bosques dos canais de TV, que faria manchete com esta bombástica notícia, de que os serviços públicos estão completamente desligados do público.
Melhor seria dar estas nossas intenções a conhecer à simpática senhora do outro lado da linha, só para ouvir o seu silêncio embatucado enquanto esboçamos
aquele nosso sorrisinho de vingança, que, quero lá saber o que dizem, sabe tão bem.
Não sei sobre o que ia escrever, muito provavelmente sobre nada, tantas coisas que cabem no nada, deve ser dos temas de conversa o mais abrangente, porque
afinal o nada é tão relativo, e há tantos nadas que guardo para mim, de vez em quando também faz bem soltar um ou outro, para esvaziar um pouco a alma.
mas quando aprendemos é para aprender, embora eu hoje estivesse um bocado desligada daquilo na primeira parte,quando o
professor estava a explicar qualquer coisa como calcular o pH das misturas de ácidos e bases ou ácidos e ácidos e bases e bases
qualquer coisa por aí, seja o que for a realidade não diferirá muito destas hipóteses
já que pelo menos se sabe que estão dentro dos temas "mistura" e "ácido" e "base" e "pH", e tendo em conta que estes já são quatro
conceitos que eu ligo àquele discurso, já está suficientemente especificado o tema na minha perspectiva.
O mal é que eu estou ao lado do professor, e embora me seja fácil dizer que sim e fingir que percebo quando ele olha para mim, já é mais
difícil responder acertadamente ao que ele me pergunta, assim como perceber o timing das perguntas. Por vezes, fico a olhar para ele (melhor, eu olho para
ALÉM dele, olho para dentro, como se costuma dizer, expressão que eu acho por sinal muito engraçada, "ver para dentro", parece-me coisa impossível, tanta
filosofia dentro de uma expressão popular) sem saber que tenho de responder a algo. Apercebo-me milésimos de segundos depois (o tempo de reacção nunca é
muito, depende um bocado do estado de divagação, e de que a quantos km estou daquele lugar, ou por outras palavras da profundidade a que vejo para dentro,
mas nunca excede umas poucas de segundos)
Como eu dizia, vim da explicação, seria por volta das 17.45, e cheguei à paragem da Sra-A-Branca às 18.01 (gosto muito de preciosismos quando tenho tempo
para pensar neles).Verifiquei o horário do autocarro, às 18.08, muito bem, afinal nem cheguei demasiado cedo nem em cima da hora, diria mesmo que neste caso
o timing foi perfeito,ao contrário daquele que me permite adivinhar quando vou ter de responder a algo, esse deve ter a pilha gasta, pergunto-me onde se irão
arranjar estes timings que permitem adivinhar quando vou ter de responder a algo). Despedi-me de quem comigo seguia, não tinha mencionado esta presença, mas
foi propositado, não pense o leitor que a minha memória vai assim tão mal, vou a caminho acelerado da maioridade, mas parece-me que ainda não atingi a
senilidade, que é a fase seguinte). Ora muito bem me enganou o senhor doutor autocarro, esse malandro pôs-me à espera de sua senhoria durante uma boa meia
horinha (quanto a este espaço de tempo não há preciosismos, não olho para o relógio quando sei que se o fizer só vou prolongar a espera, é a minha maneira
de me defender do passar do tempo, até agora tem resultado, mas aceito mais sugestões, nunca se deve fiar só numa hipótese, vejamos o caso do timing que me
permite adivinhar quando vou ter de responder a algo. Nunca fiando, nunca fiando...) Ora lá estive eu, rapariga de muitos e variados afazeres, obrigada a
permanecer num mesmo lugar durante este exagero de tempo, durante o qual me ia perguntando "E se eu ligasse para os TUB para dar conta deste atraso?"Já
imagino a conversa:
- Olhe, desculpe (porque é que pedimos desculpa de qualquer maneira?), estou á espera do autocarro para sítio Y, na paragem X, está agendada a sua chegada
para as 18.08 e no entanto são 18.20 e estou eu aqui a contar as luzinhas dos carros que passam, uma rapariga de muitos e variados afazeres!
- Oh minha amiga (que confiança esta, só porque lhe liguei e pedi estupidamente desculpa), nós não temos culpa, os autocarros andam no meio do trânsito como
todos os carros que não são auto, estando por isso sujeitos aos mesmos atrasos que estes, ainda por cima é hora de ponta.
- Pois mas com isso eu também não tenho nada a ver, se os autocarros têm horários certamente que é para os cumprir, é um compromisso a que se sujeitam, ou
estes horários são uma aproximação, assim só para as pessoas se orientarem mais ou menos (ai o nosso país do mais ou menos), se ali diz 18horas então volto
daqui a hora e meia, vou lanchar e tal, ainda passo pelo minimercado e vejo como vai a senhora Marcelina, coitada, com aquela idade e aquela constipação,
certamente esta soma não dá resultado positivo)?Eu não posso andar assim, tenho coisas inadiáveis marcadas sempre para tarde, e tenho neste momento de estar
em casa daqui a dez minutos.
- Olhe lá, se está com tanta pressa não se arme em estúpida e apanhe mas é um táxi!
Conversa interessante esta, mais interessante o desfecho, bonita a conclusão da funcionária da Câmara, de que os autocarros são só para aqueles que têm
tempo para gastar, resumindo idosos e vagabundos, ou qualquer coisa do género.
Aqui ficava bem era estar a gravar a conversa, e posteriormente enviá-la para canais sensacionalistas, entre os quais a nossa querida TVI, o Robin dos
Bosques dos canais de TV, que faria manchete com esta bombástica notícia, de que os serviços públicos estão completamente desligados do público.
Melhor seria dar estas nossas intenções a conhecer à simpática senhora do outro lado da linha, só para ouvir o seu silêncio embatucado enquanto esboçamos
aquele nosso sorrisinho de vingança, que, quero lá saber o que dizem, sabe tão bem.
Não sei sobre o que ia escrever, muito provavelmente sobre nada, tantas coisas que cabem no nada, deve ser dos temas de conversa o mais abrangente, porque
afinal o nada é tão relativo, e há tantos nadas que guardo para mim, de vez em quando também faz bem soltar um ou outro, para esvaziar um pouco a alma.
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