Perguntas como "o que é a vida", "o que é o o corpo?",são perguntas proibidas no meu curso.
É proibido pensar nas coisas e é proibido o sentimento.
Um médico só precisa de saber onde está a artéria, o trajecto da veia,qual o nervo, qual a doença, o que fazer em cada situação.
Mas há já algum tempo me apercebi que a ignorância é uma benção que nós rejeitamos à partida. Queremos saber mais, e depois não conseguimos fugirao conhecimento.

Fugir às questões principais é uma forma de cobardia.
Todos nós já nos inquietamos com estas questões, mas fechamos os olhos e desviamo-nosdo desassossego que provocam.
Tentamos não pensar.
E a verdade é que nos tornamos mesmo bons a fazê-lo.
Os médicos são uns cobardes. São autómatos.
E são bem pagos pela cobardia.
Mas enfim, o mundo é cheio de contradições.
Como quando o que é belo nos deprime tanto que nos fere a vista.
Ou como somos tão cheios de vida que queremos morrer.
Ou como estudamos tanto para nos tornarmos cada vez mais ignorantes.
A essência do homem é mesmo assim, e é bela por isso.
A essência do homem vive da contradição, é contraditória em si mesma.
Por isso não a podemos definir pelo que é, mas antes pelo que não é ou deseja vir a ser.

A verdade de todas as questões importantes não existe, e está bem assim.
Nem todas as questões foram feitas para ter resposta.
Algumas servem só por si, para questionar.