Àquele rapaz que me fez sair do meu lugar na biblioteca, onde estava sossegada a estudar, porque precisava mesmo de usar o computador para trabalhar, e o meu lugar era o mais próximo do computador....
e 5 minutos depois, quando olho pelo canto do olho, está a jogar poker online...
O que tenho para te dizer, moço, é isto:
(... may(be) not..) "Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?" Álvaro de Campos
quinta-feira, outubro 29, 2015
sábado, outubro 24, 2015
segunda-feira, outubro 12, 2015
Oh não, pensa, vai ser uma daquelas viagens.
Sentada no avião, que agora inicia a descida, começa a sentir aquela pontada fina como quem lhe espetasse uma faca na nuca. Constante, permanente, compressiva, sem forma de alívio. Sente também nos olhos a mesma compressão, como se lhe empurrassem os olhos para a parte superior da órbita com dedos invisíveis. Já não consegue continuar, levanta os olhos do livro. O senhor gordo a seu lado vai contente, nem dá por nada.
A hospedeira loira com cara de alemã e bochechas rosadas, extremamente sorridente, passa por ela e faz sinal a perguntar se está tudo bem e se tem o cinto apertado. Faz um sorriso forçado, amarelo, e acena que sim. Pelo menos é a resposta a uma das perguntas.
(Mais uma que a vai achar snobe.)
Olha pela janela. Branco, nuvens, nada. Por momentos acha que apenas vê branco porque fechou os olhos, mas fecha e volta a abri-los e é-lhe devolvida a mesma visão: branco, nada. Céu espesso de nata branca. Não costuma observar a descida do avião pela janela, (desde há algum tempo que chegou à conclusão de que não vale a pena ansiar pela mudança da mesmisse de todas as descidas), mas desta vez está curiosa, imagina o que verá o piloto, sendo que ela não vê nada. Ou será que não vê nada também, e guia o avião com o instinto? Esta ideia anima-a e interessa-a.
O primeiro toque do trem de aterragem no chão. (Seco, vai correr bem). Habituou-se a prever a aterragem com este primeiro toque, e não se costuma enganar. Habituou-se também a prever a probabilidade de palmas no final da aterragem em função do número de cabeças loiras no voo. São pensamentos inúteis que se adquirem com o talhar da vida. Mesmo que os evite pensar, eles impõem-se, intrusivos, sedentos de padrão e constância.
25ºC temperatura local. Merci au revoir. Confusão de gabardines cinzentas, corredores brancos contínuos, e o som das rodinhas a rolar no asfalto.
Capítulo encerrado, vamos voltar ao trabalho.
Sentada no avião, que agora inicia a descida, começa a sentir aquela pontada fina como quem lhe espetasse uma faca na nuca. Constante, permanente, compressiva, sem forma de alívio. Sente também nos olhos a mesma compressão, como se lhe empurrassem os olhos para a parte superior da órbita com dedos invisíveis. Já não consegue continuar, levanta os olhos do livro. O senhor gordo a seu lado vai contente, nem dá por nada.
A hospedeira loira com cara de alemã e bochechas rosadas, extremamente sorridente, passa por ela e faz sinal a perguntar se está tudo bem e se tem o cinto apertado. Faz um sorriso forçado, amarelo, e acena que sim. Pelo menos é a resposta a uma das perguntas.
(Mais uma que a vai achar snobe.)
Olha pela janela. Branco, nuvens, nada. Por momentos acha que apenas vê branco porque fechou os olhos, mas fecha e volta a abri-los e é-lhe devolvida a mesma visão: branco, nada. Céu espesso de nata branca. Não costuma observar a descida do avião pela janela, (desde há algum tempo que chegou à conclusão de que não vale a pena ansiar pela mudança da mesmisse de todas as descidas), mas desta vez está curiosa, imagina o que verá o piloto, sendo que ela não vê nada. Ou será que não vê nada também, e guia o avião com o instinto? Esta ideia anima-a e interessa-a.
O primeiro toque do trem de aterragem no chão. (Seco, vai correr bem). Habituou-se a prever a aterragem com este primeiro toque, e não se costuma enganar. Habituou-se também a prever a probabilidade de palmas no final da aterragem em função do número de cabeças loiras no voo. São pensamentos inúteis que se adquirem com o talhar da vida. Mesmo que os evite pensar, eles impõem-se, intrusivos, sedentos de padrão e constância.
25ºC temperatura local. Merci au revoir. Confusão de gabardines cinzentas, corredores brancos contínuos, e o som das rodinhas a rolar no asfalto.
Capítulo encerrado, vamos voltar ao trabalho.
sábado, outubro 03, 2015
Percebo que já não estou habituada a morar no centro do país..
...quando, de visita a Lisboa, escolho de propósito, para tomar o pequeno almoço um determinado café pelo fato de ser Delta...
só para depois me aperceber,à saída, que todos os cafés daquela rua também o são.
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